Toda criança merece um lar que lhe proporcione
segurança, cuidado, alimentação, saúde, higiene, afeto e bem-estar. Quando o
ambiente familiar falha em oferecer esses cuidados, as consequências podem
gerar traumas que perduram até a vida adulta.
Em épocas passadas, a violência contra crianças
e adolescentes era mais tolerada pela sociedade, em parte devido à maneira como
a infância era compreendida naquele contexto histórico. A infância começou a
ser reconhecida como uma fase distinta apenas a partir do século XVIII, com uma
evolução gradual até ser mais valorizada nos séculos seguintes. Em muitas
culturas, práticas que hoje seriam consideradas abusivas, como o toque nas
partes íntimas das crianças por adultos, eram aceitas como normais. No entanto,
é importante reconhecer que essas práticas são repugnantes e não podem ser
justificadas por diferenças culturais (NASCIMENTO, 2015).
Atualmente, embora algumas sociedades ainda
tentem ocultar a violência contra crianças e adolescentes, há uma crescente
conscientização sobre esse problema. A partir do século XVII, a infância passou
a ser vista como uma fase crucial na vida, destacando-se a importância do
cuidado e da proteção por parte dos adultos responsáveis. No entanto, ainda há
casos em que a violência ocorre dentro do ambiente familiar, onde a criança
deveria se sentir mais segura, causando confusão e impactos psicológicos
significativos (PARANÁ, 2014).
A criança, que naturalmente confia nos adultos
da família para protegê-la, pode se ver diante de uma realidade assustadora
quando testemunha atos de violência. Isso pode levar a uma percepção distorcida
da vida e de seu direito à felicidade (SAGIM, 2008). O sofrimento causado pela
violência é duplo para a vítima, que além do momento traumático, enfrenta uma
luta constante contra as consequências psicológicas e emocionais, enquanto o
agressor muitas vezes continua sua vida sem sofrer as mesmas consequências
(DELANEZ, 2012).
Os efeitos do abuso físico podem se manifestar
de diversas formas, desde comportamentos considerados estranhos até problemas
de relacionamento e dependência de substâncias como álcool e drogas (DELANEZ,
2012). Além disso, a separação dos pais pode causar impactos emocionais
profundos nas crianças, que muitas vezes se sentem abandonadas e confusas diante
das disputas entre os adultos responsáveis (JUNQUEIRA, 1998, apud SAGIM, 2008).
É fundamental oferecer apoio psicológico às vítimas de violência durante sua transição para a vida adulta, a fim de mitigar os danos emocionais e promover sua recuperação.
Uma pequena história baseada em fatos reais
A REJEIÇÃO VIOLENTA NA
INFÂNCIA PODE CAUSAR PROBLEMAS NA VIDA ADULTA.
A jovem, envolta em um ideal romântico,
casou-se aos 16 anos e foi viver com sua sogra, junto aos seus cunhados mais
novos. Inspirada por suas muitas horas assistindo novelas, ela começou a
imaginar cenas românticas da ficção se desenrolando em sua própria vida.
Com o tempo, seu coração se inclinou para um
dos seus cunhados. Movida por seus sonhos românticos, ela planejou um encontro
secreto no quintal da casa, quando todos estavam ausentes. No entanto, suas
esperanças foram frustradas quando ele não correspondeu às suas expectativas,
recusando-se a se envolver em sua fantasia.
Desapontada, a jovem buscou de várias maneiras
minar o casamento de seu cunhado, incapaz de lidar com a rejeição, um trauma
que remontava à sua infância, quando enfrentou a falta de aceitação de seus
próprios pais, uma ferida que nunca cicatrizou completamente em sua vida
adulta.
Frase que resume o comportamento de uma menina mulher, que está sofrendo de ansiedade por refletir sobre tudo o que aconteceu na sua vida até o momento.
"A jovem que se viu forçada a amadurecer precocemente engoliu inúmeras adversidades, e mesmo agora, em sua idade avançada, sente a voz da criança interior clamando por liberdade dentro dela."
SUGESTÃO DE LIVRO